Os planos de saúde estão entre as prioridades no orçamento das famílias brasileiras. Isso é perfeitamente compreensível se levarmos em conta as dificuldades de atendimento no sistema público. Com variados perfis e coberturas, os planos se tornaram a escolha de quem pode pagar por eles ou conta com o benefício oferecido pelos seus empregadores.
A importância conquistada pelo setor de saúde complementar, no entanto, traz frequentemente à tona uma discussão: os planos de saúde são caros? É sustentável, no longo prazo, uma família possuir plano de saúde para seus membros?
Vamos examinar os principais fatores que influenciam esses custos e de que forma eles contribuem para formar essa percepção de que a saúde complementar tem preço elevado.
O que encarece os Planos de Saúde?
São muitos os fatores que influenciam no preço dos planos de saúde. Eles começam com o aumento da expectativa de vida, que faz com que as pessoas utilizem o plano por mais tempo, e se desdobram em outros aspectos, como os gerenciais, financeiros e culturais.
Um dos pontos mais ressaltados pelos especialistas do setor é o atual modelo de remuneração dos profissionais de saúde. Nele, os planos pagam para os hospitais toda vez que um paciente é atendido.
Com isso, estabeleceu-se a cultura de que quanto mais procedimentos médicos o paciente fizer, melhor. Isto é, mais dinheiro entra no caixa. Avalia-se que isso gerou uma demanda por consultas e exames 30% maior do que o realmente necessário.
O atual modelo também pouco valoriza a medicina preventiva, que seria uma maneira de evitar que, futuramente, o paciente precisasse se submeter a procedimentos caros, invasivos e complexos. Exames preventivos e acompanhamento médico constante podem ajudar a diminuir os custos dos planos.
No Brasil, algumas circunstâncias muito específicas econômicas, como a incidência de inflação mais elevada e de variação do dólar (referência para o custo da maioria dos equipamentos e medicamentos mais modernos), a judicialização da saúde com o objetivo de extrapolar a cobertura do plano e a existência de fraudes ajudam a aumentar o custo do sistema.
Para se ter uma ideia, mesmo com um número menor de beneficiários, que deixaram o sistema devido às dificuldades na economia, a saúde complementar experimentou um aumento do número de procedimentos médicos em 2016. A despesa per capita aumentou 138,8%, entre 2008 e 2016, o dobro da inflação no mesmo período.
Não contar com um Plano de Saúde pode sair mais caro
Digamos que, mesmo com essas dicas, o plano de saúde ainda represente muito de seu orçamento. É natural que, nesse caso, você se pergunte se vale manter uma despesa assim, principalmente se você usa pouco.
Vamos, então, pensar juntos. Acidentes, doenças infecciosas, viroses e problemas mais crônicos, como os de coluna ou de estômago, surgem de uma hora para outra, sem qualquer compromisso em dar aviso prévio. Então, o que você fará se algo assim acontecer?
Há quem ache que economizar o dinheiro e pagar consultas particulares quando houver necessidade é a melhor solução. O problema é que os custos relacionados à saúde são altos e envolvem um grande número de procedimentos, da consulta aos exames, sem falar em uma internação hospitalar. Então, há grande probabilidade de que, se a doença for um pouco mais grave, suas economias sejam consumidas antes de o problema ser resolvido.
No fim das contas, o que você vai gastar de uma vez só pode ser muito mais do que gastaria com o plano, dividido em prestações mensais.
Nesse caso, a sua outra opção seria depender do SUS, aguardando longos períodos para conseguir consultas e procedimentos.